Fiquei espantado pela forma como o Vasco Pulido Valente reagiu à iniciativa do 31 da armada de hastear a bandeira monárquica na varanda da Câmara Municipal de Lisboa. Antes de mais gostava de fazer uma declaração de interesses, eu gosto do VPV, eu leio o VPV e acho que o próprio VPV deu uma enorme contribuição, enquanto historiador, para desmistificar muitos dos mitos da república - na verdade o povo não queria a república, ninguém ouviu o povo sobre o assunto e nunca o partido republicano teve força para ser governo - VPV ajuda-nos a perceber isso nas suas obras. Mais do que isso, VPV é autor da última biografia de Henrique de Paiva Couceiro, o qual apelida de "o herói português". Por estes motivos e muitos outros, merece a minha estima e consideração.
No entanto, gostava de contar uma história ao VPV. Pelo que vou tentar ser breve, pelo menos tão breve como me permite o facto de ter que contar uma história, a um historiador, vejam lá. Não sei se vou ter sucesso - mas pelo menos tentei. Nunca fui um monárquico de meia-tigela.
Algures em Sintra vive uma família. O pai chama-se Duarte, nome herdado de seu pai Duarte Nuno, a mãe chama-se Isabel, têm três filhos, dois rapazes e uma rapariga. O mais velho é o Afonso, depois há o Dinis e por fim a Maria Francisca, nomes tipicamente portugueses.
Duarte nasceu com uma responsabilidade acrescida sobre os ombros, diziam-lhe que era pretendente ao trono, herdeiro da História de um povo, o povo português. Duarte não teve uma infância fácil, nasceu no exílio na Suíça - exilado da república e exilado da ditadura. Os seus padrinhos de nascimento foram o Papa Pio XII e a Rainha D. Amélia, mulher do Rei D. Carlos. Na década de 50 volta a Portugal, estudou em colégios privados e depois no colégio militar. Cumpriu o serviço militar em Angola, tal como muitos outros portugueses, infelizmente alguns lá ficaram.
Ainda antes do 25 de Abril Duarte, tal como muitos jovens da sua geração, apoiou vários movimentos que reclamavam a autodeterminação das colónias. Mais tarde, já em liberdade, foi um activista decisivo, e de reconhecido mérito, na campanha Timor 87. Enquanto ser humano teve a oportunidade de privar e ter como amigos importantes figuras, de todas as áreas e espectros políticos, importantes para Portugal. Duarte dedicou a sua vida a ser uma pessoa séria e coerente.
Vivemos actualmente num país em que o Primeiro-Ministro mandou fechar a faculdade onde andou, o mesmo Primeiro-Ministro que é investigado pelas autoridades inglesas num escândalo sobre corrupção. O Presidente da República também já foi Primeiro-Ministro, e teve como seu Ministro um ex-banqueiro que agora está preso e nesse mesmo banco, um outro Ministro havia, que está a ser investigado e que o Presidente da República colocou como Conselheiro de Estado. Isto é a república, supostamente investida de poderes equalitários e de ética, a chamada ética republicana.
É preciso lembrar que igualdade é o chefe de estado ser o primeiro entre os iguais, ser o verdadeiro árbitro e moderador do sistema, independente e imparcial - ser do povo, pelo povo e de todo o povo. Cavaco Silva foi eleito por cerca de dois milhões e setessentos mil portugueses - somos cerca de dez milhões.
Quando o VPV diz que é preciso um pretendente está errado. O pretendente existe e vive como qualquer português médio, em Sintra, com a família - estudou, esteve na tropa e até foi à guerra. Leu, informou-se e tem opiniões políticas. Mas mais do que isso tem uma enorme vantagem relativamente aos políticos, classe à qual nunca ambicionou pertencer, é sério e é reconhecido por isso. Como Chefe de Estado seria imparcial, sem ter que fazer favores às empresas que lhe deram emprego, ao partido que o ajudou a eleger, aos comentadores políticos que o bajularam e aos grupos económicos que pagaram a sua campanha.
Como um amigo me disse ontem, "o sistema democrático estará sempre seguro, nem que para isso tenhamos que ir às três da manhã entregar uma coroa a uma criança em Sintra". Pois é, D. Duarte de Bragança tem um filho.
João Gomes de Almeida in Amor em Tempos de Blogosfera
21 comentários:
Boas!
Parece que vou mais uma vez armar o caos, mas não podia deixar de deixar umas ideias no ar.
Aparte de este blog ter surgido à dias e de terem realizado uma iniciativa que, se eu fosse apoiante da ideologia monárquica me riria bastante por (pelo menos parecer) uma tentativa de cópia do que foi feito à dias de uma forma bem mais provocadora, apesar da vossa abordagem não ser ofensiva, o que aprecio. Liberdade de expressão acima de tudo!
No essencial eu não apoio a monarquia por causa da referida "igualdade". Não há igualdade quando uns nascem com o direito a liderar e outros com a obrigação de seguir (ou vice-versa, depende das pessoas). Eu sei que um monarca não tem uma vida fácil por haver grandes expectativas a caírem-lhe nos ombros, mas por uma questão de princípio, a igualdade deve ser para todos.
Outra coisa, a republica não é perfeita e também não é o sistema que privilegio, no entanto é o mais próximo que se consegue de uma meritocracia nos dias que correm, aí sim! Uma pessoa tem o cargo que merece, enquanto merece! Mas ainda não há maturidade cultural suficiente para um sistema com estes moldes.
Ah! E não se esqueçam que numa monarquia também há (ou melhor, pode haver e é o mais comum) governo e ministros e com isto é de referir que "erros de casting" também ocorrem na monarquia. Com isto não pensem que estou a desculpar os políticos, pelo contrário! São políticos em republica e o seriam em monarquia, com os ajustes necessários claro, mas continuariam a classe (na sua maioria) podre que é.
Felicito-vos pela iniciativa! Acho que a diversidade de opiniões é sempre boa e bem vinda para troca de ideias construtivas.
"Duarte não teve uma infância fácil...".
Coitado! Os colégios privados da Suiça são autênticas prisões....vida fácil tiveram alguns portugueses que passavam férias no Tarrafal em Cabo Verde, ou outros que conseguiam manter uma linha "invejável" já que pouco comiam. Pobre Duarte Pio. Pobre Duarte Pio.
Apenas uma correcção: A ordem é Afonso, Maria Francisca e, só no fim, Dinis.
Cumprimentos
E porque não o D. Duarte de Bragança ser candidato a Presidente da República? Será assim uma ideia tão descabida? Ou pelo facto de ser monárquico os seus valores e amor pelo povo só podem ser devidamente utilizados numa Monarquia? Porque é que só se vê preto e branco quando até existe o cinzento?! Por fim, termino como deveria ter começado, pela declaração de interesses: sou republicano, acredito na República e aceito que apesar de não ser um sistema perfeito é o mais perfeito que conheço e que foi inventado até hoje, e o D. Duarte de Bragança tinha o meu voto!
Esses argumentos são abstrusos... então e o que faz o D.Duarte tão merecedor do cargo de chefe de Estado? Devido à sua ascendência? Será melhor um Presidente eleito por 2 milhoes, ou um Rei não eleito que só assume o cargo por mera hereditariedade? Mas que raio de argumento é esse, Sr. João Almeida? O D.Duarte até pode ser sério, mas quem nos garante que o próximo assim o será? Já pensou no elevado risco de um tal sistema?
Além disso, ninguém pode ser sério e tentar convencer-nos que D.Duarte teve uma infância difícil na Suíça. Com este tipo de argumentos, nunca vão chegar lá.
Boas.
Sinceramente não tenho nada contra a monarquia nem a favor.
Primeiro utilizar argumentos como já eu li de que os paises de primeiro mundo são monarquias tenham paciência... Actualmente nas monarquias europeias o Rei ou Rainha tem tanto poder como o nosso Presidente da República. Por outro lado se olharmos para a Alemanha e França, os paises que levam a Europa às costas, não são monarquias.
É interessante quando se escreve "dois milhões e setessentos mil portugueses - somos dez milhões". Vamos então supôr que há monarquia e que o Rei (ou Rainha) morre. Como se apura então o próximo Rei/Rainha? Eleições ou como é normal e costume herança directa do "posto"? Não me parece que no caso do filho que tem direito ao trono, seja a vontade de todos os portugueses, e não só de 1 milhão, ou 2 milhões, ou quem sabe até só da familia real. Parece-me existir aqui uma contradição.
Finalmente dizer que a existir Rei/Rainha este não cederia a pressões de empresas e afins é uma afirmação dificil de fazer...
Muito macaquinho de imitação esta brincadeira! Alguém já perguntou ao miúdo se quer ser Rei, ou se quer sequer ser citado nestes vossos blogs! Tenham tino.... que a Republica caiu de podre porque ninguem lhe acudiu, nem queriam acudir!
nao foi o Duarte Piio que participu na Quinta das Estrelas, ou la como se chamava aquela parvoice?
E isso um rei? Ou pelo menos quem gente como vos querem sentados num pseudo-trono?
Para alem de que essa do "nao teve infancia facil" tb foi bem triste...
Olha, q tal acabarem com esta palhacada de blog antes que alguem se chateie.
O pretendente ao trono descende de D.Maria Pia. Antes de escrever convém saber do que se fala
http://www.reifazdeconta.com/
«««...vida fácil tiveram alguns portugueses que passavam férias no Tarrafal em Cabo Verde.»»»
Tipos que queriam subjugar os interesses de Portugal ao internacionalismo/imperialismo comunista, levaram foi poucas!
Curiosamente levaram de um republicano, o Salazar!
Ou os republicanos já se esqueceram que um dos brindes do 5 de Outubro foi 40 anos de ditadura?
Esse rosário poidimani é um mafioso italiano que é o rei das pizzas e das falcatruas de Itália!Ó Travassos Valdez essa cassete já está tão esgotada!Vai mas é plantar cardos para teres mais plantas!Vai mas é pentear macacos e dar uma volta ao bilhar grande mais o camara pereira e o duque de loulé e vão todos cantar a canção da tia anica do loulé. Cambada de invejosos!
1º Não há provas de que uma Maria Pia, cujo verdadeiro nome era Hilda Toledano fosse mesmo filha bastarda de D.Carlos. A mulher morreu, foi cremada e nunca nem ela e as filhas se prestaram a fazer um teste de ADN!
2º Mesmo que ela fosse filha de D.Carlos, segundo o direito consuetudinário da monarquia e a Carta Constitucional, quando há crise de sucessão vale a lei da varonia e o herdeiro é o parente mais próximo possível da linha colateral masculina à casa reinante que se extinguiu. Ora, com a morte de D.Manuel II em 1932 no exílio, o trono passa para a linha colateral masculina de parentesco com D.Manuel II que é a linha miguelista cujo actual herdeiro é D.Duarte de Bragança.
3º Não é costume e não é legal, venderem-se títulos da nobreza a terceiros. Segundo consta, essa maria pia, vulgo hilda toledano casou várias vezes, teve 2 filhas e numa dada fase precisava de dinheiro. Esse Poidimani era um gajo com massa, sabe-se lá como e porquê, emprestou-lhe dinheiro e em troca, ela cedeu-lhe um «título» que nem era dela e nem era verdadeiro. Ela dizia-se duquesa de bragança por ser filha bastarda de dom Carlos, mas ainda que tivesse sido filha do rei não teria direito a esse título pelo facto de ser bastarda. Portanto, esta fantochada não pega, a não ser às pessoas que não estejam bem informadas. O rei faz de conta é esse Poidimani. Também não estou a ver os portugueses desejarem ter um "rei" italiano, lol.
Muito bem escrito. Viva o Rei!
F. de Portugal
Como havia e há a linha legitimista de D.Miguel com sucessão o trono é dessa linha por direito. Destaco: ainda que essa Maria Pia ou Hilda Toledano fosse filha de D.Carlos, ela só teria direito a alguma coisa caso não houvesse mesmo herdeiros legítimos nenhuns. Bastardos não costumam herdar tronos, só mesmo quando não existem herdeiros legítimos de uma casa reinante ou outros parentes muito próximos de linhas colaterais também elas legítimas.
Excepção na história de Portugal:
D. João, o Mestre de Avis, foi rei de Portugal. Era filho de D.Pedro I com D.Teresa Lourenço, mas ele já era viúvo e livre. Para evitar que algum dos filhos de D.Pedro e de Inês de Castro (estrangeira) subisse ao trono, em Cortes no ano de 1385 foi deliberado que o Mestre de Avis seria o novo rei.
Ola pessoal, só queria deixar esclarecida aqui uma coisa. A bandeira hasteada no forte não é igual a última bandeira monarquica. A última bandeira é no escudo quadrada com um bico, enquanto a que foi metida é circular. Fica aqui a observação.
Monarquico para sempre.
E a coroa também não é a mesma ;-).
CALMA, ainda não houve nenhum "conjuradoXXI" ofender Republicanos, nao fiquem assim...
Náo é que nao goste, mas nao vale a pena, Viva a Liberdade, Viva abrilada, Viva a Republica Portuguesa!!!
Que horror, VIVA O REI, VIVA PORTUGAL REAL
Porra anónimo das 11:38 fez-me medo no fim ;-))-
Monarquico para sempre
Abaixo o reizinho. Já basta a merda em que se encontra Portugal. Só faltava agora termos que aturar esta cambada de xulos. Metam a coroa naquele sitio...
Tem toda a razão caro CAGA DE REPUXO??? Temos de meter a coroa na bandeira portuguesa, já basta de Républica LOLOLOLOLOLOL ;-)).
Monarquico FOREVER
Bem haja, caro anónimo das 9h56m!Isso é que é falar!
Peço desculpa pela intromissão, mas vou deixar aqui a minha republicana opinião.
Em primeiro lugar, creio que não está aqui em conta a legitimidade do Duque de Bragança, que, verdadeira e merecida, ou não, não é um factor importante.
Apesar de respeitar bastante o senhor, não vejo como uma monarquia se pode adequar à realidade social do quotidiano português. Pessoalmente, eu fico bastante feliz por pensar (e nem que seja somente pensar) que um dia posso ser chefe de estado da minha adorada pátria. A monarquia reserva esse direito a pessoas de uma dada linhagem e ninguém me garante que essas pessoas possam ter mais capacidades intelectuais e/ou de governação do que eu ou outro qualquer.
Eu sei perfeitamente que, com o acto de sufrágio, estamos a arriscar-nos a que o povo português seleccione para o "trono" um idiota chapado, mas, sinceramente, eu prefiro sentir que ele está lá porque a maioria do povo quer que ele lá esteja, do que está lá por ser filho de alguém. Sem o intuito de ofender, isso é como subir ao lugar de chefe através de cunhas, e não pelo "curriculum vitae". No entanto, não sou ingénua o suficiente para pensar que os nossos governantes subiram até lá somente por mérito, mas ao menos somos nós que os colocámos lá.
É a minha opinião, e espero não ter ferido susceptibilidades.
HM
PS: Já agora, para o Anónimo que referiu Salazar, só espero que não se esqueça que nós, portugueses, tivemos a nossa quota parte de regimes absolutistas monárquicos na nossa existência, que duraram, em conjunto, bem mais do que os nossos 40 anos de ditadura.
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